Mario Eduardo Garcia
Reflexões sobre politicas públicas, mobilidade e logística
MINHA CRENÇA POLÍTICA
Sonho com uma sociedade que realize o ideal de justiça e de liberdade. Que possibilite o resgate dos brasileiros que ainda passam por necessidade. Que liberte os que trabalham, empregados e patrões, quando submetidos a situações não dignas ou que os impeçam de produzir. Que permita a ascenção dos que hoje são obrigados a labutar na economia informal, repudiados por preconceitos. E que seja eficiente e moderna.
Estou certo de que muitos subscreveriam essa declaração. Mas como alcançar esse ideal? Como ensinava Norberto Bobbio, só há dois caminhos, o voto ou a força. Escolhida a alternativa do voto – cuja regra básica é a da maioria –, aí surgem novas divergências. Isso é normal, próprio da democracia, que aceita a dissonância. No dizer atribuído a Voltaire, "Não concordo com uma só palavra que dizeis. Mas defenderei até a morte o vosso direito de dizê-lo."
É necessário multiplicar a produção e o crescimento e partilhar de forma mais equitativa os frutos do progresso. Isso pode ser feito sem abolir as diferenças entre classes nem socializar o sistema produtivo. A doutrina política que abre o caminho para o projeto de sociedade que almejo não é o liberalismo econômico nem o socialismo estatal. Chama-se social democracia, a autêntica, não a assim batizada na política brasileira.
Em suas origens a social democracia defendia os interesses de uma classe, os trabalhadores empregados. Houve uma ruptura no Congresso de Bad Godesberg em 1959, realizado pelo partido social democrata alemão (SPD). A nova social democracia reconhece então que o mercado é o motor do crescimento, mas que ele concentra renda. Cabe assim ao Estado prover as condições para que as empresas produzam sem entraves e para que os resultados sejam melhor distribuídos.
A partir daí, enquanto o socialismo estatal "patinava" na Rússia e seus satélites e o capitalismo evançava nos EUA mas também criava uma sociedade desigual, nascia e crescia na Europa a nova social democracia, tendo sido uma das alavancas do desenvolvimento do continente na segunda metade do século XX. Foram os 30 anos europeus gloriosos do pós guerra. A nova social democracia rejeita a mudança pela força, pois sua proposta foi sintetizada por “liberdade política / menor desigualdade social / crescimento econômico / sucesso do mercado”. A fórmula parece simples, mas na prática é outra conversa, porque ninguem – trabalho e capital – quer perder posições. Há necessidade de muita luta, sindicatos fortes, autênticos e sem peleguismo e discussão, pressão, convencimento, para se chegar a um acordo social. Capital e trabalho reconhecendo suas diferenças mas se dispondo a trabalhar juntos não sempre, mas por um projeto com início, meio e fim. Uma vitória, ainda que temporária, sobre o dogma da inevitabilidade da luta de classes.
Suécia (com Olof Palme) e os outros países nórdicos, Austria (Bruno Kreisky), Alemanha (Willy Brandt e Helmut Schmidt), Espanha (Felipe Gonzalez enquanto secretario geral do PSOE), Inglaterra e outros países adotaram o novo modelo social democrata e, embora com altos e baixos, progrediram nesse regime, até cerca de 1980. A partir daí a revolução neoliberal da dupla Margaret Tatcher e Reagan trouxe uma inflexão quase mundial, com resultados conhecidos, até o início do século XXI: redução dos postos de trabalho, dos salários, dos gastos sociais e da segurança dos trabalhadores, acompanhados por concentração e centralização do capital e da renda em muitos países. Contaminou inclusive os regimes europeus ditos social democratas pós 1980. O resto já é dos nossos dias: a crise do modelo liberal se acentua e explode em 2008/2009, com consequências desastrosas para alguns paises europeus e em medida menor nos EUA, e com repercussões ainda maiores, planetárias.
A China, um caso à parte, adotou com sucesso, desde Deng Xiaoping em 1978, um modelo industrial de capitalismo com controles, aproximando-se no plano econômico da social democracia. Mas não há liberdade política.
O Brasil atravessou todo o século XX no regime capitalista. Embora tenha usufruido de contínuo crescimento entre 1930 e1980, ostentando taxas exuberantes, a concentração de renda foi brutal, colocando o país na situação degradante de uma das sociedades mais injustas do planeta. Não há pior corrupção do que essa, com transferência de renda da base para o topo, maciça, subterrânea, contínua, não alardeada nos meios de comunicação, submetida à conspiração do silêncio. Os custos sociais foram incalculáveis. Alguns tímidos movimentos para mudar essa sina terminaram com os presidentes emparedados ou depostos, como Getúlio Vargas em 1954 e Jango Goulart em 1964.
O capitalismo humanizado não desconhece os princípios da solidariedade social, antes neles se assenta. Ele exclui, de um lado, o liberalismo econômico individualista e, de outro, a socialização dos meios de produção. Sua concepção é de que o capital não deve ser apenas um instrumento produtor de lucro, mas, principalmente, um meio de expansão econômica e de bem-estar coletivo.
Pensamentos ... em marcha
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Esta página de abertura abriga reflexões sobre o credo político que procura dar vida e rumo à minha prática profissional.
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O QUE É INACEITÁVEL
Qual o futuro dessa criança?
Fonte: Folha de São Paulo 21/01/2016
TAXA DE JUROS SELIC
Copom mantem taxa de 14,25%
21/01/2016
O Prêmio Nobel Joseph Stiglitz diz (Estadão, 20/01) que no Brasil o Banco Central estrangula a economia, com seus estratosféricos juros. Quase todos estão de acordo que a taxa não devia agora ser aumentada. Não foi. Por que então os economistas brasileiros com acesso à mídia reclamam tanto ? Sua crítica, centrada só no processo de decisão, sem discutir a decisão em sí, é altamente deseducativa e não informa o público corretamente.
SALA SÃO PAULO
Uma visão "higienizadora"?
23/01/2016
Fonte: O Estado de São Paulo 23/01/2016
O jornal focaliza principalmente o mal estar dos frequentadores dos concertos ...
O que penso: a questão não é de "limpeza pública" do entorno. Envolve também pessoas que lá moram ou querem morar, saúde pública, preservação dos valores caros às comunidades locais.
Veja o esboço ainda rudimentar de uma proposta na seção "Pensamentos ...em marcha."
METRÔ
O ritmo de implantação em São Paulo
No final de 2015 a rede metroviária tinha 74 km de extensão. Parte da primeira linha foi inaugurada em 1974, são portanto 41 anos. Média 1,8 km por ano. Pode?
O que me sensibilizou nos últimos tempos:
Música
Abertura “As Hébridas” de Mendelssohn
"Morte e Transfiguração" de Richard Strauss
"Sinfonia nr 3" de J. Brahms
Filme
"O homem duplicado" de Denis Villeneuve
"A pele que habito", de P. Almodovar
" As invasões bárbaras" de Denys Arcand
"Sobral - O homem que não tinha preço" de Paula Fiuza
Livro
Releitura de “Vidas Secas” de Graciliano Ramos
"O mal ronda a Terra" de Tony Judt (um livro lindo, apesar do nome)
"Babitt" de Sinclair Lewis
"Os inovadores" de Walter Isaacson
De tudo ficam três coisas:
A certeza de que estamos começando,
a certeza de que devemos continuar e
a certeza de que podemos ser interrompidos
antes de terminar.
Fazer da interrupção um novo caminho,
fazer do medo uma escada,
do sonho uma ponte e
da queda um passo de dança.
Fica, a certeza do reencontro,
fica, o desejo de boa sorte e
fica a vontade de que
Lutes e venças!
Fernando Pessoa