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  • O amigo Fora da Caixa

Quem vai gritar que o rei está nú?

Recente documento da FIESP, de novembro último, “Situação Econômica do País e a Deterioração Financeira da Indústria de Transformação”, apresenta um quadro sombrio da economia brasileira e formula propostas para reanimá-la.[1]


A esse respeito o meu amigo que pensa sempre “Fora da Caixa” teceu as oportunas considerações que se seguem.


As propostas da FIESP vão sempre em linha com um certo lobby antigo. Mas hoje, face à nossa situação extrema, não parece caber um posicionamento isolado. Uma indústria diversificada e que sempre distinguiu o Brasil dos outros países periféricos é parte indissociável de qualquer projeto de nação.


A lógica da maximização do beneficio isolado parece que impede qualquer ação de bom senso coletivo. E é uma calamidade o domínio absoluto da política econômica pela lógica de um Sistema Financeiro Privado, que perdeu todo o sentido em uma nação que se pretende de livre iniciativa. Veja-se a idéia de que o BNDES seja instrumental no apoio financeiro às Pequenas, Médias e Microempresas. Esta barbaridade é dita com ares de medida de grande alcance.


Por que esse "sacrifício" não é sugerido aos Bancos Privados? O Sistema Financeiro Privado só se dedica a comprar e distribuir títulos da divida publica. Função que o COPOM, dominado pelos dogmas que o sustentam, garante, a pretexto de fazer baixar o preço do feijão e das mensalidades escolares. Ou das passagens do transporte público. Tudo para assegurar que a curva que mede o valor real da taxa básica de juros permaneça sustentando o maior lucro bancário do planeta. A salvo das incertezas dos financiamentos à economia real. Financiar a habitação? Isto é com a Caixa. O Agronegócio? Com o Banco do Brasil...


Se agora temos "planejamento (?)" de Longo Prazo (20 anos) entranhado na Constituição, por que não incluir nesse planejamento a progressiva transformação da divida de curto prazo (3 trilhões!!...) em investimento de Longo Prazo do Sistema Financeiro – hoje detentor destes mesmos papéis – em Infraestrutura, na Construção Civil, em todas as atividades da Economia Real de que vivem todos os sistemas financeiros privados no mundo todo (salvo no Brasil)? Ou no saneamento do setor industrial, alongando sua divida e diminuindo o custo do seu serviço?


Porque... como dizia Macunaíma... Pernas p’ro ar que ninguém é de ferro. Por que trabalhar, se se pode ganhar sem trabalhar, pago pelos mesmos impostos que faltam à Saúde e â Educação? Sem ao menos a decência de confessar esta propensão, tão natural em todos nós, de querer ganhar sem trabalhar...


Não senhor. Fazemos isto pelo bem de todos e felicidade geral da nação. Para combater a inflação... Claro que com juros altos as mensalidades escolares vão cair...o feijão vai baixar de preço... e vamos até poder reduzir o preço das passagens... ah... o da gasolina e do diesel também... os árabes que se cuidem... que ignorantes somos todos que não sabemos regras básicas da economia...


Como todo gigante este também tem pés de barro. Mas quem vai gritar que o rei está nú?

 

Nota [1] Talvez tenham inspirado algumas das medidas do pacote de fomento editado ontem pelo governo federal.

 

Imagem acima adquirida de Bigstock


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